quinta-feira, 9 de junho de 2011

Entrevista com Mara L. Sartoretto

Mara L. Sartoretto -Pedagoga; professora da Faculdade Dom Alberto, onde coordena o curso de especialização em Atendimento Educacional Especializado; diretora da Associação dos Familiares e Amigos do Down de Cachoeira do Sul, consultora da AFAD 21 de Novo Hamburgo, Consultora da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Supervisora da SEAC - Escola de Educação Profissional; supervisora de conteúdo no Curso de Especialização em Atendimento Educacional Especializado da UFC; Consultora da OEI/Organização do Estados Ibero Americanos.


Entrevista:



O que é educação inclusiva para você? Mara L. Sartoretto - Educação inclusiva é a consequência do trabalho de uma boa escola, uma escola que reconhece a diferença como própria da condição humana e que se distingue das demais porque tomou a decisão de não se submeter passivamente ao papel de mera repassadora de informações, mas assumiu e a tarefa de ser produtora de conhecimentos, problematizadora e emancipadora de seus alunos tenham eles deficiências ou não.

Qual sua opinião sobre as políticas de educação inclusiva no Brasil? MLS - Faz 18 anos que trabalho com alunos com deficiências que frequentam escolas comuns. Até 2003, não percebi nenhuma ação proveniente de alguma política pública a favor da inclusão no dia-a-dia da escola. Se elas existiram foram destinadas a outras esferas. Professoras que como eu, estão trabalhando diretamente com os alunos, acredito que não sentiram os seus reflexos. A partir da implantação do Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade, iniciado em 2003 pelo governo federal, mesmo os municípios mais distantes tem recebido equipamentos, materiais didáticos e cursos de formação continuada dos professores.

Os professores apresentam dificuldades quando têm em sua sala de aula aluno(s) com deficiência? Por que? MLS Muitas. Porque receber alunos com deficiência na sala de aula comum desequilibra não só professores mas toda a escola. Vivemos numa cultura onde alimentamos a falsa ideia de que as turmas são homogêneas, e que a diferença é sempre um fator que dificulta o trabalho escolar. Precisamos entender que a diferença é um traço do ser humano e por isso as turmas são sempre heterogêneas, queiramos ou não. Por esta razão o que ensinamos, o porque ensinamos e o como ensinamos deverá sempre partir do pressuposto de que nossos alunos são diferentes e não de um suposto padrão de homogeneidade que não existe.

Por que as crianças negras, obesas ou que apresentam tendências homossexuais são discriminadas por seus colegas? Como os professores podem atuar e interferir nesse contexto? MLSPorque não se encaixam no padrão de normalidade socialmente construído. O professor neste contexto deverá entender que inclusão é um direto de todas as crianças, sejam quais forem as suas diferenças e que a escola é o local privilegiado, muitas vezes o único, onde sujeitos de sua própria educação, quaisquer que sejam suas características, podem fazer a experiência absolutamente necessária, de construção de cidadania em toda a sua plenitude. Neste sentido a atuação do professor deve partir do papel que ele atribui à escola: informar, adestrar e reproduzir o padrão ou formar, construir competências e habilidades para além das provas e do portão da escola.

Como os professores podem se capacitar para atuar com responsabilidade na educação inclusiva? MLS - Penso que não existe uma capacitação específica para atuar na educação inclusiva, a não ser uma formação de qualidade que capacite o professor para ensinar com eficiência todos os seus alunos. A meu ver uma formação efetiva necessita oferecer aos professores condições de estudos que os possibilitem dominar com profundidade os conteúdos curriculares, os processos de ensino e aprendizagem e ter uma boa compreensão do sentido da escola. Por outro lado educadores que queiram trabalhar no atendimento educacional especializado oferecido nas salas de recursos deverão ter uma formação específica.

Como a escola pode oferecer capacitação para os professores trabalharem a educação inclusiva? MLS - Acredito que uma formação efetiva deve acontecer na escola onde o professor atua, partindo das suas reais necessidades.

O que é importante visualizar para trabalhar com educação inclusiva? Quais devem ser os envolvidos? MLS - Na escola o gestor escolar é em grande parte responsável pela excelência ou pela mediocridade da educação que ela oferece. Portanto cabe ao diretor conduzir, coordenar e avaliar todo o processo pedagógico desenvolvido na escola por todo o corpo docente, no sentido de que os resultados desse processo sejam os mais elevados possíveis, traduzido não só pela aquisição de conhecimentos, mas pelos componentes básicos da formação do cidadão que são: atitudes, condutas e competências éticas, solidárias e inclusivas.

A entrevista anterior foi tirada do site:
http://www.assistiva.com.br/index.html 
Acessado no dia 08/06/2011

Um comentário:

  1. O trabalho dela é perfeito,para quem puder pesquisar sobre ela ,eu recomendo

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